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EXCLUSIVIDADE E PREÇO LEVAM BRASILEIROS A CASAR NO EXTERIOR

Exclusividade e preço levam brasileiros a casar no exterior


Renata e Alan fecharam pacote com castelo na Itália por R$ 98 mil


Clécio Max
(falabahia@redebahia.com.br)
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A indústria casamenteira no Brasil tornou-se tão dinheirista que começa a afugentar os próprios noivos. Mesmo quem é do ramo, como a decoradora de festas Renata Salvadego, 35, e consegue bons descontos com os fornecedores, reconhece que ficou mais em conta fazer a festa fora do país. A dela vai ser em um castelo na Toscana, a 20 minutos de Florença, na Itália.

Renata está pagando R$ 98 mil por um pacote com comida, bebida, bolo, doces, iluminação, decoração, fotógrafo, quarteto de cordas, DJ, padre e ainda as passagens dos noivos e hospedagem por 5 dias. No Brasil, segundo especialistas, um casamento do mesmo nível não sairia por menos de R$ 150 mil.

“Tudo aqui é terceirizado, e isso encarece demais a festa. Então, por exemplo, o fornecedor do bem-casado é um, o da forminha onde ele é servido, outro, o da embalagem, um terceiro. Na Europa, você paga um preço fechado, que dá direito a tudo de primeira”, diz a cerimonialista Camila Relva, 32.

Dependendo da empolgação dos noivos, a festa no Brasil pode seguir uma planilha de 40 itens e custar R$ 300 mil. De acordo com a Associação de Profissionais, Serviços para Casamento e Eventos Sociais (Abrafesta), em apenas um dia os casamentos de São Paulo consomem 1,4 milhão de flores, 400 mil doces e mais de mil horas de filmagem.

Ao escolher casarem-se na Toscana, Renata e seu noivo, o corretor de valores Alan Cardoso, 30, não desembolsaram um tostão a mais com a lua-de-mel, uma vez que já estarão no destino.

Alguém pode argumentar que os convidados gastarão com passagem e hospedagem aquilo que Renata economizou na festa. Mas ela diz que isso não foi impeditivo para que 100 pessoas, até agora, confirmassem presença. Com a vantagem, diz ela, rindo, de que ninguém vai por obrigação.

“Eles estão curtindo horrores. A maioria aproveitou para estender um pouco e fazer uma viagem de férias. No fim, meu casamento vai durar 5 dias. A gente já está programando passeios maravilhosos pela região.” O casamento está marcado para setembro.

O aluguel do Castello di Vincigliata é por 5 horas. Para ter uma ideia, no Brasil, se a noiva não quiser pagar por apenas uma hora de igreja (para evitar de ser precedida e seguida por outras cerimônias) ela terá de “comprar” todos os horários do dia (coincidentemente, o equivalente a 5 horas) por cerca de R$ 15 mil. Isso, depois de enfrentar alguns meses de fila de espera. Ok, as igrejas em questão são as mais concorridas de São Paulo, e as festas, as mais incríveis. Mas na Toscana a igreja é um castelo, e a festa, exclusivíssima.

Dezoito destinos
Os profissionais que produzem esses casamentos afirmam que é possível escolher entre 18 destinos idílicos nos EUA, França, Itália, Polinésia, Portugal. "Da África a Zanzibar", diz a empresária Jacqueline Mikhail, da gência de turismo Be Happy.

Ela, que no próximo dia 10 lança o livro "Destination wedding, o casamento como destino", explica que a fantasia da noiva costuma ser, em si, uma viagem: "Existe cliente que quer ter um casamento de princesa e traz o cenário dos seus sonhos para um bufê em São Paulo; e tem a que que só se contenta com um castelo de verdade. Essa faz viaja, faz in loco."

Na bem sucedida experiência do fotógrafo Alexandre Namour, 32, e da dermatologista Mariana Rodrigues Pimenta, 33, que se casaram em outubro de 2011 em uma vinícola na região do Douro, em Portugal, os garçons que serviram os convidados eram estudantes universitários de gastronomia. "Eles sabiam tudo sobre os pratos, inclusive como fazê-los. Imagina quanto você não pagaria no Brasil por esse serviço", diz Mariana.

Se por um lado a lista de convidados é mais enxuta, por outro os noivos estão dispensados de cumprimentar aquela parentada distante, ou os amigos de infância dos pais - que eles mal conhecem. "A fila diminui bem", brinca ela.

Para a apresentadora Ana Carolina Scaff, que se casou há 10 dias em Punta Del Este, no Uruguai, o único senão foram as concessões que teve de fazer para se ajustar à cultura local. "Precisei substituir o bem-casado, na minha festa, pelo alfajor."

Ana Carolina escolheu casar-se em Punta porque ela, que é de Cuiabá, e o marido, de São Paulo, queriam a festa em uma cidade de praia.

Abrir mão do bem-casado não chegou a ser uma decisão amarga, especialmente se se levar em conta que, dependendo da doceira, da forminha e da embalagem, o tradicional bolinho recheado com doce de leite pode chegar a custar R$ 15 cada um. Calculam-se três por convidado.

Qualquer um concordará, ainda que temporariamente, que não há nada mais delicioso nesse mundo que um bom alfajor.

G1

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