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BOM JESUS DA LAPA


BOM JESUS DA LAPA


Dom Mauro Montagnoli / Bispo diocesano de Ilhéus
Dom Mauro Montagnoli / Bispo diocesano de Ilhéus
No dia 6 de agosto a Igreja Católica celebra a festa litúrgica da Transfiguração do Senhor. Jesus subiu ao alto da montanha com três dos seus discípulos, foi envolto por uma nuvem, apareceram Moisés e Elias, e ele manifestou toda a sua glória divina (cf. Mc 9,2-10).
Jesus havia anunciado anteriormente o que iria acontecer com ele: iria ser preso, condenado e morto, mas ressuscitará ao terceiro. Essa revelação causou espanto nos discípulos que esperavam dele a manifestação de força e poder para organizar o povo, conquistar a Palestina e expulsar os invasores, os romanos.
Jesus criou um ambiente de desilusão. Nada daquilo aconteceria? Por isso, ele sobe ao monte e se transfigura perante os três discípulos, que ficaram tão entusiasmados que Pedro disse: “Rabi, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias” (v. 5). Ele nem se preocupou consigo e com os colegas. Eles estavam radiantes. Podiam ficar sem tendas.
Aqui na Bahia a festa da Transfiguração do Senhor é popularmente conhecida e celebrada como festa do Bom Jesus da Lapa.
Em 1688 Francisco Mendonça Mar, tocado pela graça de Deus reconheceu a vaidade do mundo e aprendeu que a única coisa que vale é a salvação. Distribui seus bens, fez-se pobre e, carregando a imagem do Cristo crucificado, partiu de Salvador e enveredou-se pelo sertão adentro. Caminhou entre tribos de índios antropófagos, passou fome, sofreu o calor do sol.
Uma tarde, depois de vários meses de incessante caminhada, avistou um morro, subiu uma áspera ladeira e, por uma abertura na pedra, penetrou numa gruta. Lá dentro, encontrou uma cavidade ideal para colocar a cruz que levava. Ali, à margem do rio São Francisco, começou uma vida de eremita. Era o ano de 1691.

Dedicado à oração e à penitência, ele logo percebeu que o amor a Deus não pode ser isolado da vida; então começou a trabalhar em favor dos mais necessitados, trazendo para junto de si pobres, doentes, infelizes e aleijados, a fim de servi-los com amor.
No ano de 1702, a pedido do arcebispo da Bahia, dom Sebastião Monteiro de Vide, foi a Salvador preparar-se para o sacerdócio. Estudou durante três anos e, em 1705, foi ordenado padre.Tomando o nome de Padre Francisco da Soledade após a ordenação, voltou à Lapa onde viveu até sua morte, em 1722.
As romarias começaram e até hoje são um ponto marcante na religiosidade popular do povo nordestino. Por ser um lugar distante e de difícil acesso a romaria toma o aspecto de verdadeira penitência. Inicialmente a pé e depois em paus de arara os romeiros fazem da viagem à Lapa uma verdadeira peregrinação penitencial, ao pedir a Deus o perdão pelos pecados e as graças necessárias para viver a verdadeira conversão a Jesus.
A cruz foi a manifestação gloriosa do Filho de Deus, porque nela Jesus derramou seu sangue, redimiu a humanidade toda e nos liberta do pecado e da morte. Pregado na cruz Jesus Cristo mostrou todo o seu poder. Aquilo que era instrumento de humilhação, suplicio e morte, com Cristo e por ele se torna instrumento de nossa glorificação porque nos torna filhos adotivos de Deus, herdeiros do céu.
Peçamos ao Pai, que na gloriosa Transfiguração do seu Filho confirmou os mistérios da fé pelo testemunho de Moisés e Elias, e manifestou a nossa glória de filhos adotivos, nos conceda ouvir a voz de Jesus Cristo e compartilhar da sua herança.

Dom Mauro Montagnoli
Bispo diocesano de Ilhéus

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