NOVAS CULTURAS SÃO TESTADAS NO VALE DO SÃO FRANCISCO
Novas culturas são testadas no vale do São Francisco
Pêras,
maçãs, caquis. A busca por novas opções de cultivo para o vale do São
Francisco motivou o desenvolvimento do projeto “Introdução e Avaliação
de Cultivos Alternativos para as Áreas Irrigadas do Semiárido
Brasileiro”, uma parceria da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do
São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) e outras instituições – e os resultados já são
promissores: as pesquisas apontam que essas frutas, típicas de climas
frios, que o Brasil importa em larga escala, têm potencial para alcançar
excelente produtividade no vale do São Francisco.
Desde
2005, vêm sendo implantados e mantidos experimentos com pereira,
macieira, caquizeiro, cacaueiro e outras culturas típicas de clima
temperado nos perímetros irrigados Senador Nilo Coelho e Bebedouro, em
Petrolina (PE). Até o final deste ano, a previsão de investimentos no
projeto é de R$ 400 mil. “As culturas escolhidas para os experimentos
foram aquelas cultivadas sob irrigação que poderiam ter um retorno
econômico”, explica Paulo Roberto Lopes, pesquisador da Embrapa
responsável pelos estudos com novas culturas na região.
Segundo
ele, os plantios são feitos nas estações experimentais da Embrapa e em
áreas de produtores nos perímetros que manifestam interesse em
participar da pesquisa. “O acompanhamento das atividades é feito
semanalmente. Visito as áreas experimentais e faço as recomendações
técnicas necessárias para promover a produção de frutas nas condições
climáticas do vale”, detalha.
O
engenheiro agrônomo da Codevasf em Pernambuco, Osnan Ferreira, que é
fiscal desse projeto na Companhia, explica que atualmente há 15
produtores nos perímetros de irrigação envolvidos nos experimentos com
novas culturas. “As pesquisas ainda estão passando por um processo de
validação por parte da Embrapa. Após essa fase, serão repassadas as
informações para os demais produtores interessados no plantio em escala
comercial”, afirma.
Para
viabilizar as ações de pesquisa foi elaborado um projeto de pesquisa
pela Embrapa Semiárido, que deve contar com o apoio financeiro do
Ministério da Integração Nacional por meio programa “Mais Irrigação”,
ainda a ser lançado. De acordo com Paulo Roberto Lopes, foi elaborado um
plano de trabalho em que são relacionadas todas as atividades de
pesquisa e desenvolvimento, bem como as novas ações para os próximos
cinco anos.
Osnan
Ferreira ressalta a importância dessas pesquisas. “O vale do São
Francisco necessita de mais opções de plantio, uma vez que as atuais
culturas já estão com uma área bastante expressiva. As novas culturas
também visam ao plantio para as novas áreas que a Codevasf está
implantando no vale. A empresa transformou a região e hoje busca a
continuidade do seu crescimento”, diz.
Também
apoiam o projeto de diversificação de culturas a Valexport, Comissão
Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral (CATI), Instituto Agronômico de Campinas
(IAC), UNESP/Jaboticabal e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).
Culturas promissoras
Os
resultados com o plantio de novas culturas no vale do São Francisco
obtidos até então têm se mostrado surpreendentes. “Para se ter uma
ideia, as variedades de pereira e macieiras que estamos pesquisando
necessitam de, no mínimo, 400 horas de frio, com temperatura inferior a
7,2ºC. Aqui no vale do São Francisco não temos nem um minuto sequer com
essa temperatura e, no entanto, estamos produzindo maçãs, peras, caquis e
outras frutas”, comemora o pesquisador da Embrapa, Paulo Roberto Lopes.
A
pereira é um exemplo de cultura com grande potencial econômico para a
região, tendo em vista seu forte apelo comercial. O consumo atual da
fruta no Brasil é da ordem de 180 mil toneladas por ano, sendo a maioria
– de 90 a 95% do total – importada da Argentina, Estados Unidos,
Uruguai, Chile e países da Europa. De acordo com os resultados
preliminares, a produção da pera no vale pode chegar a cerca de 60
toneladas por hectare, no quarto ano de cultivo, com possibilidade de
duas safras por ano. Esse volume é superior à média alcançada na região
Sul do país.
A
macieira é outra cultura de clima temperado que vem sendo testada no
vale do São Francisco. A produção nacional de maçã é de cerca de 1,2
milhões de toneladas por ano, quantidade ainda insuficiente para
abastecer o mercado interno, tanto que ainda são importadas mais de 50
mil toneladas. O consumo na região Nordeste tem aumentado nos últimos
anos. Um exemplo desse crescimento é o que acontece no Mercado Produtor
de Juazeiro (BA), onde são comercializadas em torno de 200 toneladas de
maçã por semana. “Com a cultura da macieira estamos conseguindo
produções de 20 toneladas por hectare, no terceiro ano de cultivo”,
afirma Paulo Roberto.
O
caqui, produzido tradicionalmente nas regiões Sudeste e Sul, nos meses
de fevereiro a julho, é mais uma opção que tem se revelado promissora
nos experimentos com novas culturas. A partir do mês de outubro, a fruta
é importada da Espanha e de Israel, custando até seis vezes mais caro
para o consumidor. Como alternativa para essa demanda, o projeto está
desenvolvendo um sistema de manejo nos caquizeiros com o objetivo de
produzir a fruta no período da entressafra e, assim, conseguir preços
mais acessíveis. Segundo as pesquisas feitas, a produção de caqui no
vale pode alcançar 15 toneladas por hectare no quarto ano de cultivo, ao
passo que nas regiões Sul e Sudeste esse volume só é obtido do sexto ao
oitavo ano.
O
proprietário da Fazenda Campodoro no perímetro Senador Nilo Coelho,
Milton Bin, é um dos produtores que participam dos testes com novas
culturas. Numa área de 1,5 hectares, ele planta maçã, pera e caqui. Além
disso, em sua propriedade, também há cultivos orgânicos de Aloe vera
(babosa) e cenoura baby. “Temos buscando variedades diferentes, mas
vamos ter que fazer mais testes até chegar na muda ideal para aquela
cultura. É possível produzir? Sim. Mas vamos levar mais tempo para
atestar a viabilidade econômica naqueles modelos em que foram feitos os
testes”, explica.
ASCOM - Codevasf
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